COLUNA DO ALEXANDRE

Estratégia X Força

Quando se planeja uma prova, a questão central é certificar-se que um objetivo que se quer colocar pode ser alcançado.

Qualquer prova não pode ser impossível de ser concluída. Como todos nós sabemos, o homem tem seus limites. As provas devem ser dimensionadas para cargas físicas altas, que exijam o melhor condicionamento físico de seus participantes. Ocorre que em pouco tempo, todos os competidores praticamente se igualam nos aspectos físicos, talvez fruto da tecnologia que dispomos, da alta comunicabilidade de nossa sociedade. O fato é que todos sabem sobre os feitos dos outros, tentam superá-los e continuamente buscam estar a frente.

Assim, a briga pelo melhor condicionamento físico torna-se uma constante na vida do esportista e, claro, já não é mais o centro dos eventos esportivos.

A visão de que os eventos como as Corridas de Aventura possam oferecer desafios que não a superação da resistência, de corpos esculturais e de explosão muscular tem atraído aqueles que praticam esportes não apenas por necessidade fisiológica, mas também como entretenimento, desafios, adrenalina de enfrentar o desconhecido.

Quem não mudou sua vida depois de ter feito um trekking noturno numa floresta? Quem não repensou sobre si mesmo perdido numa canoa? Quem não mudou depois de demonstrações de apoio e incentivo ou depois de uma discussão acalorada com um companheiro nem tão compatível consigo?

As corridas têm fascinado justamente por promover a integração e a discussão dos grupos. A equipe que não planejar e não conseguir ponderar conjuntamente terá menos chances de ser mais eficiente.

E nesse sentido os organizadores têm sido mais e mais solicitados. A cada edição de suas provas, têm de incrementar a dificuldade estratégica, oferecendo várias alternativas de percurso, todas extremamente atraentes, porém, umas mais eficientes que outras. Não interessa só o esforço físico.

A prova mais interessante será aquela em que os competidores estarão frente a mais de uma estratégia, de propriedades diversas, cuja opção certa dependerá das características da equipe, de seu auto-conhecimento, de suas experiências passadas e de seu entrosamento.

Cérebro não é músculo.

Coluna publicada em 21/agosto/01, na website www.360graus.com.br

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