COLUNA DO ALEXANDRE

EMA REMAKE: 10 Anos de Corrida de Aventura no Brasil
Autor: Ricardo Bassani

Um relato de quem esteve presente na primeira corrida e no Remake dez anos depois »»»

As corridas de aventura eram para mim apenas umas poucas páginas nas revistas Outside e Trip. Só conheci de perto a modalidade ao ser convidado para editar o site Aventure-se no recém-inaugurado portal IG, no ano de 2000.

Minha primeira entrevista foi logo com um peso pesado francês, então organizador dos 800 km do ELF Authentique Aventure no nordeste. Isso até eu partir para a cobertura do EMA 2000 e aprender muito.

Entre idealizar Rambos na floresta e confirmar a capacidade de atletas, a Expedição Mata Atlântica, de perto, era uma lição de humanidade. Não só pela beleza de sua ecologia, mas pela oferta de descobertas através de suas próprias limitações. Imaginar desafios cada vez maiores de distância, tempo e dificuldade é natural nos esportes, mas criar condições para nivelar todos os envolvidos é quase um privilégio dessas corridas.

E não estou falando só dos competidores, mas das chamadas equipes de apoio, organização e até da imprensa, categoria onde completei várias provas. Atento ao desempenho das equipes, perseguindo postos de controle e planejando flagrantes jornalísticos, o EMA foi uma escola de orientação e dedicação profissional, exigindo controle emocional até de nossa equipe de reportagem.

Em meio ao desconforto de horários, alimentação e sono, dias e noites perderam suas datas e acabaram por valorizar o resultado do trabalho final: noticiamos on-line os vencedores, na Praia de Itamambuca (Ubatuba, São Paulo). A era da informatização confirmava seu imediatismo, e as corridas de aventura a sua maturidade.

Hoje, exatos dez anos depois de 1998, a Expedição Mata Atlântica recebe sua justa homenagem através da Adventure Camp, de Sérgio Zolino, com apoio da Sociedade Brasileira de Corrida de Aventura, que reorganizou no percurso original o EMA Remake 2008, de 01 a 02 de Agosto. O trajeto Paraíbuna, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela completou 230 km no total entre as modalidades mountain bike, canoagem e trekking. Bem distante das 40 horas de prova que os campeões neo-zelandeses marcaram em 98, a organização do EMA Remake estimou a chegada da primeira equipe de 2008 para as 21 horas. Mas o treinamento, equipamento e técnica de atletas como Chikito, Rafael Campos e Sabrina Gobbo, da Quasar Lontra, fulminaram a prova apenas 26 minutos depois da largada completar 24 horas!

O EMA Remake também foi uma justa homenagem ao investidor, visionário, atleta, pilhado e profeta Alexandre Freitas, organizador da primeira prova no Brasil e competidor até um fatídico acidente viral nas Ilhas Fiji, no Eco-Challenge, em 2002. Sua presença no pórtico da largada, ao lado da Capela de Nossa Senhora dos Remédios e de atletas que competiram em 1998 causou uma emoção que silenciou até o narrador da prova.

Alê uma vez interrompeu uma de suas entrevistas para este Aventure-se soltando uma frase que jamais esqueci: “você quer é correr!”.  Todos nós, Alexandre!

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