COLUNA DO ALEXANDRE

Corridas de Aventura

As Corridas de Aventura são competições multiesportivas de caráter expedicionário e de sobrevivência. Os participantes percorrem, na maioria das vezes, regiões inóspitas e pouco exploradas, praticando diversas modalidades esportivas, testando seus limites físicos e mentais. É um esporte que envolve riscos e responsabilidades. Na 5a etapa do Circuito Brasileiro, a Mini EMA (que aconteceu na região de Tapiraí, SP, entre os dias 06 e 09 de julho/02), competidores acusaram a organização de negligenciar os riscos. Afinal de contas, quem estava com a razão?

A grande responsabilidade ao promover eventos esportivos é minimizar os riscos envolvidos, que são inerentes a qualquer atividade humana. Em uma Corrida de Aventura, os riscos estão sempre presentes: você pode cair da mountain bike em um downhill, torcer o pé durante uma caminhada, sofrer insolação, ser picado por insetos e outros bichos, etc. Cabe à organização disponibilizar equipamentos e profissionais capacitados a prestarem socorro quando necessário, em locais pré-determinados.   Na Mini EMA, por exemplo, havia 02 equipes de assistência estrategicamente alocadas: no PC 6 (represa) e PC 11 (chegada do trekking), locais onde a organização apurou que as equipes necessitariam de auxílio. Estas equipes deveriam se locomover somente quando necessário, ou seja, quando fosse necessário atendimento imediato. Frio e cansaço não são motivos suficientes para deslocar as equipes de resgate. Contusões mais graves poderiam ocorrer com outros participantes enquanto o resgate atendia casos brandos. A informação é uma ferramenta importante para minimizar os riscos.

Nos dias que antecedem a competição, é prudente enviar informativos relevantes aos participantes, alertando para os obstáculos que serão encontrados durante o percurso, tais como frio, corredeiras, animais, mapas desatualizados, etc. Além disso, no ato da inscrição os competidores devem preencher um documento (termo de responsabilidade) onde atestam que estão aptos a participar do evento, o fazem de livre e espontânea vontade, têm conhecimento das modalidades envolvidas e assumem incondicionalmente todos os riscos envolvidos na competição.

A Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura desenvolve o trabalho sério de implantar o esporte no país. Investiu na aquisição de equipamentos como GPS, BEACON (rádio transmissor localizador de emergência), telefone via satélite, além de pessoal capacitado, sempre prontos a atender às necessidades dos competidores. A segurança do atleta sempre foi prioridade.

Em nenhuma outra Corrida de Aventura a preocupação com a segurança dos atletas é tão grande como nos eventos promovidos pela Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura. Em competições internacionais, como o Southern Traverse (Nova Zelândia), Adventure Quest Africa (África do Sul) ou Raid Gauloises (França), as equipes devem literalmente sobreviver. Quando participei da Southern Traverse em 97, na Nova Zelândia, minha equipe precisou queimar as próprias roupas (extras) para não morrer congelados. Fomos surpreendidos por uma nevasca e decidimos acionar o resgate, que só apareceu mais de 36 horas depois, quando já estávamos a salvo. Ainda assim, por termos acionado o resgate, pagamos US$ 2,000.00, mesmo sem o utilizar. Quando interrogado, o organizador me disse que o resgate somente seria feito quando não houvesse risco para a equipe de resgate.

No Raid Gauloises 2002, a organização disponibilizou somente 1 helicóptero para os mais de 1.000km do percurso, que serviria apenas para captação de imagens para a mídia. Segundo a organização, o resgate, quando necessário, seria realizado por terra e o tempo previsto para o socorro seria de 24h. Para participar da edição 2002, realizada no Vietnã, cada equipe desembolsou R$ 40.000,00 de inscrição; para a maior Corrida de Aventura da América Latina, a EMA – Expedição Mata Atlântica, a inscrição da próxima edição é de R$ 6.000,00.

Mas toda a preocupação da organização em minimizar os riscos e maximizar ações de precaução de nada serve se os competidores não se preparam adequadamente para as competições.

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