COLUNA DO ALEXANDRE

Patrocínio

Um dos empecilhos para o crescimento das Corridas de Aventura no Brasil é a falta de patrocinadores para eventos e atletas, o que não ocorre com esportes tradicionais que não têm dificuldades para angariar patrocínio, como o futebol. Esportes fora do jet set jornalístico têm baixa exposição na mídia, principalmente televisiva, como, por exemplo, as Corridas de Aventura e, assim, enfrentam dificuldades por ainda serem desconhecidas do grande público. E por serem desconhecidas, têm poucas chances de atrair investimentos, mídia e público. Parece, mesmo, uma condenação ao anonimato perpétuo.

O principal objetivo da Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura é o de fomentar o crescimento sólido e duradouro das Corridas de Aventura no Brasil e, também, dos seus participantes. É patrocinadora do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura e da equipe EMA Brasil, que representa o país em competições internacionais.

Como patrocinadora do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura a Sociedade assumiu a responsabilidade de oferecer os meios necessários para a participação e segurança das equipes, como embarcações (canoas canadenses e caiaques infláveis), remos, cordas para etapas de verticais, GPS e BEACON – rádio transmissor localizador de emergência.

Assim, a Sociedade adquiriu equipamentos de qualidade, além de formar pessoal técnico responsável e homologar empresas idôneas. Com isso conseguiu diminuir a taxa de inscrição de seus eventos e aumentar o número de participantes. Ela subsidia, ainda, inscrições através das premiações próprias de cada etapa: vagas gratuitas para outras etapas do Circuito e, também, para a principal Corrida de Aventura da América Latina, a EMA – Expedição Mata Atlântica.

Também sabe que patrocínio é fundamental para o desenvolvimento do esporte. Espaços para inserção da logomarca nos coletes de prova das etapas do Circuito Brasileiro são bastante generosos. Existem restrições somente no colete oficial de prova e no capacete. Nas outras peças, é permitido expor identificações livremente.

Para a EMA – Expedição Mata Atlântica, existem regras específicas para patrocínio que coíbem a exposição gratuita de marcas de roupas e equipamentos cujas aparições devem ser negociadas. Enquanto houver exposição gratuita para empresas fabricantes de roupas e equipamentos, difíceis serão as negociações com patrocinadores.

Na ausência de um patrocinador oficial, as equipes podem explorar sua própria marca. Por exemplo, a maioria dos capacetes exibe a logomarca do fabricante, ocupando um espaço que pode ser utilizado para expor o patrocinador ou o nome da equipe. Expor a logomarca da equipe, mesmo quando não há patrocinadores, é uma forma de se valorizar e aparecer. Quando a equipe expõe a marca de um fabricante, perde a oportunidade de se promover: além de pagar por aquele equipamento, faz a propaganda gratuita daquele fabricante.

O mesmo ocorre com as roupas. Quando a equipe EMA Brasil participou do Raid Gauloises 2002 no Vietnã, a única marca exposta em seus equipamentos e roupas foi o nome da equipe. Nos equipamentos, a marca do fabricante foi coberta por adesivos com a logomarca da equipe. Assim, em qualquer imagem feita dos competidores brasileiros, a única marca que apareceu e fez promoção foi a da equipe EMA BRASIL.

Outro obstáculo na busca por patrocinadores é o anonimato: no Brasil apenas quem está em destaque consegue bons contatos, o que nem sempre representa bons contratos. As empresas dificilmente investem no desenvolvimento das camadas de base do esporte. Como no futebol: escolinhas de treinamento sobrevivem graças ao esforço próprio, pois há patrocínios e visibilidade somente para times grandes. Nas Corridas de Aventura o patrocínio é para equipes que apresentam resultados mais expressivos, com maior experiência e já com mídia.

Talvez seja uma ótima oportunidade tornar o círculo vicioso, o da falta de patrocínio para equipes e seu anonimato congênito, em círculo virtuoso. Como é algo inédito, sua receptividade na mídia e sociedade seria enorme. Afinal, a tendência de patrocínio somente para equipes prontas, formadas, assemelha-se à época em que o homem colhia os frutos da floresta enquanto existiam, abandonando-a quando se tornava improdutiva.

Fixar-se à terra, cultivá-la e promover seu progresso, indiscutivelmente, foi muito melhor para a humanidade. Por que não repetir este modelo?

Coluna publicada em 24/julho/02, na website www.webventure.com.br

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